Bases Clássicas da Confeitaria
Para quem quer estudar as técnicas de confeitaria, é necessário entender as bases clássicas da confeitaria francesa, que são:
- Massas
- Merengues
- Cremes
- Molhos
- Cocção do açúcar
- Chocolateria
- Confeitagem
Vamos estudar com mais detalhes cada uma delas, começando
pelas massas.
1. Massas
As massas compreendem todo o preparo que envolvem farinhas, sejam elas farinha de trigo, de amêndoas, de aveia, entre outras, uma gordura e aditivos, que podem ser leite, ovos, água, fermentadores, aromatizantes e saborizadores.
A categoria das massas se subdivide em quatro tipos:
a) Massas secas (pâtes sèches): são as massas chamadas de quebradiças, porque sua principal característica é desmanchar/esfarelar na boca ao ser consumida. Se classificam em 4 tipos, sendo que o que as difere é a teor de gordura e a quantidade de açúcar em sua composição:
- pâte sucrée - massa açucarada - geralmente é feita pelo método cremage, por conta da maior quantidade de líquidos que tem.
- pâte sablée - massa arenosa - é uma massa mais neutra, geralmente produzida pelo método sablage,
- pâte brisée - massa quebradiça - é uma massa levemente salgada, também produzida pelo método de sablage.
- massa folhada - tem como principal característica a alternância entre camadas finas de massa e manteiga.
As massas secas são preparadas por dois métodos diferentes:
- sablage: método que possui como principal característica a produção de uma espécie de areia (areia = sablé em francês) com os ingredientes, misturando-se a manteiga na farinha com as mãos.
- cremage: nesse método, a manteiga entra na preparação em ponto de "pomada", ou seja, como um creme e é misturada ao açúcar. Depois, são adicionados os líquidos e, por último, a farinha de trigo.
b) Massas montadas (pâtes montées): massas montadas são aquelas utilizadas na produção de bolos e se dividem em duas categorias: aeradas e cremosas.
- aeradas: são aquelas que obrigatoriamente necessitam da ação mecânica do ar - geralmente através da aeração dos ovos - para que possam obter estrutura. Podem ser divididas em pão de ló, genoise - um pão de ló acrescido de manteiga, mais saboroso e estruturado - e chiffon - também um pão de ló, porém acrescido de óleo, que o torna mais úmido e mais saboroso.
- cremosas: são massas mais pesadas, que não sofrem a ação mecânica do ar e necessitam de algum produto que produza gás carbônico e as faça crescer, geralmente um fermento químico.
c) massas líquidas ou semi-líquidas (pâtes molles): são massas com uma quantidade maior de componente líquido - água ou leite. Podem sofrer variação no modo de preparo e de ingredientes. As principais massas dessas categorias são blinis, crêpes e beignet de pâte a choux.
d) massas fermentadas (pâtes levées): são massas compostas
por farinha em maior quantidade e que utilizam fermento biológico em sua
composição. Nesse tipo de massa, especificamente, pela grande quantidade de
farinha usada, é necessário proceder com a técnica da sova para que o glúten
seja desenvolvido. Assim, as massas criam estrutura e elasticidade. As
principais produções clássicas são o brioche, o savarin e o baba au rhum.
2. Merengues
De uma maneira simples de explicar, merengues são uma mistura de clara de ovos batidas e açúcar. No entanto tem muito mais detalhes do que isso.
Para começar, os merengues são classificados em francês, suiço e italiano.
- merengue francês: as claras são batidas em neve e lentamente é adicionado o açúcar, até que se atinja a consistência desejada. Como nesse merengue as claras estão cruas, é usado somente em produções que ainda passarão por alguma cocção.
- merengue suiço: as claras são aquecidas junto com o açúcar em banho-maria, até que o açúcar seja completamente derretido. Então, a mistura de claras com açúcar é levada a batedeira e batida até que a mistura esfrie. Nesse merengue as claras já estão cozidas, portanto pode ser usado em produções que não mais irão ao forno.
- merengue italiano: nesse merengue, faz-se uma calda de água com açúcar no fogo, e essa calda é lentamente adicionada às claras, que estão sendo batidas.
Os cremes são preparações feitas a partir de produtos lácteos, gorduras, edulcorantes e ovos, utilizados como recheio ou base para inúmeras receitas da confeitaria clássica. Existem sete cremes em destaque na confeitaria clássica:
- crème pâtissière: ou creme de confeiteiro, é o principal creme da confeitaria clássica. É um creme neutro, extremamente versátil e que pode ser aromatizado ou saborizado. Sua composição leva leite, açúcar, amido de milho e gemas, podendo ser enriquecido com creme de leite e manteiga. Dele derivam outros quatro cremes: mousseline, chiboust, diplomate e légère.
- crème anglaise: é muito próximo ao creme de confeiteiro. Todavia, em sua composição não é utilizado qualquer tipo de amido como espessante, o que é feito apenas pelas gemas. Por esse motivo, a cocção do creme não deve ultrapassar os 85o C, temperatura em que as gemas coagulam e "talham".
- crème chantilly: creme frio, feito a base de creme de leite com teor de gordura maior do que 30%, sofrendo a ação mecânica do ar, e com adição de açúcar.
- crème fouettée: creme semelhante ao creme chantilly, porém sem adição de açúcar.
- ganache: talvez um dos mais famosos e apreciados em todo o mundo, também tem uma versatilidade ímpar, utilizado como recheio, cobertura, acompanhamento ou até mesmo sobremesa principal. Sua composição básica é composta por chocolate derretido - amargo, ao leite, branco ou ruby - e creme de leite aquecido, podendo ser finalizado com manteiga.
- crème au berre: pode ter como base um merengue italiano ou um crème anglaise, que leva na proporção 1/1 o acréscimo de manteiga, que, depois de batidas, resultam em um creme leve e homogêneo.
- crème frangipane: o frangipane lembra o creme de confeiteiro em sua composição, mas ao invez de usar amido, usa-se farinha de amêndoas tostadas.
- coulis: são preparações a base de frutas ou vegetais, crus ou cozidos, posteriormente processados originando um purê, que deverá obrigatoriamente ser coado/peneirado. O termo coulis, aliás, vem do francês "coado". O suco, resultado da coagem, poderá ser adoçado com açúcar ou calda.
- calda de chocolate: feito a partir da mistura de cacau e calda de açúcar.
- calda de caramelo: produzida à bases de caramelo, que, após atingir um ponto de cocção, recebe um tipo de líquido, geralmente creme de leite.
- molho anglaise: exatamente igual ao crème anglaise, sendo que o que difere ambos é a utilização. Quando usado como base para receitas, chamamos de creme, quando utilizado como acompanhamento, chamamos de molho.
- método seco: consiste em levar o açúcar à cocção pura, até atingir 160o C. Nesse processo, o caramelo deve ser mexido o tempo todo, para não açucarar.
- método com água: o açúcar é levado ao fogo com água, tornando-se um processo mais lento, pois a água deve evaporar por completo antes que o caramelo chegue a 160o C.
- Método de difusão:
- picar o chocolate em pedaços bem pequenos;
- dividir o chocolate em 3 partes, colocar 2/3 do chocolate em um bowl e derreter;
- após o derretimento, juntar o 1/3 do chocolate picado.
- o chocolate deve ser mexido até que atinja a temperatura de 27o C a 29o C, tratando-se de chocolate amargo, 26o C a 28o C, tratando-se de chocolate ao leite, branco ou ruby.
- ao atingir a temperatura adequada, o chocolate deverá ser aquecido em banho-maria até ser atingido a temperatura de 30 a 32o C para o chocolate amargo e 29 a 31o C para o chocolate ao leite, branco ou ruby.
- Método com gelo
- picar o chocolate em pedaços bem pequenos;
- derreter o chocolate em banho-maria;
- após derreter, dispor o bowl com chocolate sobre o gelo para reduzir a temperatura;
- o chocolate deve ser mexido até que atinja a temperatura de 27o C a 29o C, tratando-se de chocolate amargo, 26o C a 28o C, tratando-se de chocolate ao leite, branco ou ruby.
- ao atingir a temperatura adequada, o chocolate deverá ser aquecido em banho-maria até ser atingido a temperatura de 30 a 32o C para o chocolate amargo e 29 a 31o C para o chocolate ao leite, branco ou ruby.
- Método de marmorização: o método de temperagem pela marmorização é aquele que proporciona o melhor resultado do processo, gerando um chocolate com brilho, sem manchas e bolhas de ar, mais resistente a altas temperaturas.
- glacê real: a mais clássica das coberturas é utilizada até hoje para finalizar preparações com trabalhos de bico de confeitar. O glacê real é produzido a partir da mistura do açúcar de confeiteiro, das claras e do limão. Essa cobertura, após um tempo, fica seca, o que facilita a confeitagem. Pode ser colorido com corantes artificiais ou naturais.
- nappage: é uma cobertura incolor que tem como principal ingrediente a gelatina. Seus ingredientes são glicose, água e folhas de gelatina. Essa mistura pode ser colorida artificialmente.
- glaçagem de frutas: após a confecção da nappage, ela é misturada a um purê de frutas, o que confere cor e sabor ao preparo.
- glaçagem de chocolate: as tortas feitas com essa cobertura são conhecidas como bolos de vidro, em virtude do brilho que têm. Alguns chegam a refletir o que está a sua volta, dada a perfeita execução. Os principais ingredientes utilizados em seu preparo são água, açúcar, creme de leite, cacau e gelatina.
- pasta americana: logo no início da confeitagem, o primeiro produto usado para cobrir bolos, especialmente os de casamento, era chamado de marzipã, uma mistura com base de farinha de amêndoas. No entanto, com o passar do tempo, as amêndoas acabavam ficando com um gosto amargo, que não agradava o paladar. Sendo assim, foi criada outra pasta que conferia aspecto mais seco e que podia ser esticada. A receita é feita à base de água, gelatina incolor, glicose, glicerina e açúcar de confeiteiro.
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